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terça-feira, 6 de abril de 2010

Camila, ao confessionário...

Oi Bial! Camila, em quem você vota e justifique, por favor. Que coisa difícil... Ai meu Deus! Eu tenho afinidade com todos, então dessa vez eu voto em mim. Não quero ser injusta, Bial! Gente, e como eu fui injusta comigo, como sofri por nada. Aos 22 anos, tinha uma vida boa. Oww vida boa! Era uma da melhores alunas da faculdade que tanto amo, com chances de entrar direto em mestrado/doutourado, era monitora e estagiava na clínica também. Tinha muitos amigos e uma vida social ativa. Ah!Tinha um "supernamorado" (eu achava, depois conto o babado dele). E tinha muitos e muitos sonhos. Ai, um dia eu acordo e descubro que tenho câncer, que tenho que fazer quimio, que minha perna será amputada ou será colocada uma prótese. E tudo isso, em tempo recorde. E o pior, tive que segurar a barra da minha família, principalmente da minha mãe (minha fiel escudeira), pois meu pai faleceu de câncer na traquéia devido ao TABAGISMO. A minha sorte é que 99% do tempo, tinha certeza absoluta que eu ia ficar bem, sarar mesmo. O 1% (medo batia), eu me trancava no quarto dizendo que tava cansada ou qualquer desculpa e chorava baixinho pra ninguém notar, nem ficar triste. Na cirugia, decidiram pela prótese. Eu fiquei radiante e coloquei na cabeça que, com ela, minha vida seria igual, que manteria o mesmo ritmo na boa. Mas isso não aconteceu, TUDO mudou e a revolta começou a bater. Eu não reconhecia essa "nova vida", queria a outra. Não admitia que tinha limitações, que era deficiente.Pra mim, meus sonhos tinha morrido e na verdade, eles só mudaram de forma e cor. Pensei até em quebrar a prótese! Isso dificultou demais a minha evolução. Até que um dia, resolvi procurar uma psicóloga (nem eu me aguentava mais). Peguei o livro do plano de saúde e disse: o primeiro nome que eu ver, vai ser esse/essa (notaram a minha boa vontade,né?). O nome da pessoa Telma. Dai, eu fui e amei. Fui dando prosseguimento ao tratamento e tirando as nóias da cabeça. Em um outro belo dia, o ônibus cheio e uma menina de uns 15 anos sentado em cadeira preferencial, dai eu pedi pra sentar. E como aborrecente é atrevido, disse: Porque vou levantar pra você? E eu disse: porque eu sou DEFICIENTE FISICO. E eu me senti bem com isso! Eu me assumi com toda a bagagem de um deficiente. Sei que todos somos diferentes (até em reações), mas aconselharia um acompanhamento psicológico, principalmente pra quem acabou de sofrer algum tipo de problema que levou a deficiência ou a quem quiser. Terapia é do caramba! Eu faço...

3 comentários:

  1. Camilusk, adorei esse post... eu fiz terapia sete anos( de forma indisciplinada), na maior parte achei meio perda de tempo, mas agora vejo q foi muito importante, é um processo de auto-conhecimento, sobretudo de auto-aceitação, é como se a gente se colocasse, concomitantemente, numa posição de juíz, advogado e REDENTOR de si mesmo. A gente não encontra respostas, mas descobre quais são as perguntas cruciais da nossa vida, e depois nós vamos nos remetendo a elas, mesmo sem estar numa sessão, mas é importante não criar uma expectativa de cura instantânea das nossas agruras. Bom, eu também recomendo!

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  2. Eu acho o maior barato esse lance de terapia.Curto,admiro como profissional...E como paciente as vezes sou meio insuportável (confesso) mas acho que é parte do comportamento humano de testar as habilidades do outro,não é maldade é só uma questão de confiança.E faz muitoooooooooooo bem!

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  3. A parte de fisioterapia e todos os outros foram de extrema importância, mas nada adiantava meu corpo ótimo e minha cabeça... Êta cabeça com mil minhocas!É um processo de auto-conhecimento e aceitação, independente de ser andante,muletante, cadeirante, enfim... Amanhã tem!Iupiiii :DDD

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