Pages

domingo, 25 de julho de 2010

Bons ventos!

Hoje foi um dia especial, eu e o Tchelo fomos a praia. Até aí, nada demais, mas essa foi a primeira vez que entrei no mar depois que coloquei a prótese. Eu sempre ía, mas entrar mesmo... Ficava paquerando com o mar, criando mil atalhos pra chegar até ele. Areia fofa é bem complicado de andar, depois as ondas e as ondulações dentro do mar. Tinha medo de cair, da prótese desmontar e ninguém queria entrar comigo (medo de uma dessas coisas acontecerem). O Tchelo foi bacana, conseguimos passar pela areia sem tanto sufoco e não entramos direto no mar. Quando a maré está baixa, forma-se pequenas piscinas, normalmente é raso e sem ondas. Começamos por ai!Inventei de mergulhar e engoli um tantao de água. Mesmo assim adorei!
 
 
 
Em vez de um delicioso caranguejo, o Tchelo quis pedir ostras. Ele adora experimentar e eu estou reaprendendo a arriscar e experimentar. Não é tão ruim quanto eu pensei, mas é ruim. Eu desisti e ele comeu sozinho. Essa foi a primeira vez que o vi comer sem vontade.


Mudando de assunto, mas continuando no namorado... Eu sempre falei que a novela (não lembro mais o nome) que tinha a Luciana não era fidedigna a vida que temos, afinal ela vivia numa redoma de vidro e com tudo que necessitava, além de outras coisitas. Agora pasmem, foi a bendita Luciana que deu uma mãozinha no meu namoro. Na verdade no começo dele! Ontem o Celo me falou que vendo a Luciana percebeu que eu podia fazer tudo, assim como outra pessoa. Foi uma espécie de desmistificação, aquela estória de deficiente "bem pesada" foi quebrada. E estamos juntos e muito felizes a quase 2 meses!
Ah!Vivi uma cena de filme no sábado... Estavamos no calçadão por volta das 22 horas, caminhando, "sem lenço, nem documento" e escutamos uma música antiga, de um clube próximo. O Celo simplemente me chamou pra dançar e ficamos lá, dançando em pleno calçadão. Não consegui ver ninguém naquela hora, meu momento mágico da semana!
Na faculdade está indo tudo bem, estou há duas semanas na anestesia/cirurgia. Na verdade, descobri que não nasci pra cortar nada, mas amo anestesiar. E, talvez, eu me especialize nisso. A monografia está quase pronta, correções básicas. A cadeira de sociologia não se torna um saco se você participar um pouquinho da aula.
No final, tudo vai dá certo!
Espero que vocês estejam bem também!
Saudades!
 
Beijos protéticos!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vestibulando...

E eu que pensei que nunca mais escreveria esse nome, mas ouvi uns dados que me deixaram boba... Estava eu indo pra UECE com o Del, quando ele comentou sobre vestibular. Eu dei logo um pulo, pedindo pra ele não pronunciar esse nome. Aff, ô tempinho escroto!Ele, então resolveu, falar a parte boa da estória:
- Segunda-feira estamos de folga : D! Ninguém, além dos vestibulandos, podem entrar no Campus.
- Uma felicidade tomou conta de mim. E o Iuuupiiii sai sem querer.
- Tem 10.000 concorrentes, sabem quantos "deficientes"?
Eu sabia que eram poucos, mas não uma quantidade ínfima.
- 1.000?
- Tá doida é? 
Pensei que fosse mais, pelo protesto! Chutei, chutei e nada. Desisti!Adivinhem vocês quantos deficientes inscritos? Só 25  e desses alguns vão faltar a prova por não ter como chegar a UECE. Fiquei besta, mas o problema não começa aqui, vem de pequeno. Quando a pessoa nasce com alguma limitação, os pais por falta de informação, superproteção ou até os dois juntos isolam a criança do mundo real. Muitas vezes, estes não vão a escola e quando vão passam por todas as dificuldades que nós conhecemos bem, falta de estrutura para recebe-lo, os professores/orientadores não sabem lidar com a criança e o preconceito de todos. Criança é bacana, mas tem uns monstrinhos... Nossa senhora!Muitos desistem diante de tanta adversidade, e os que continuam esbarram com mais problemas. Os "malacabadinhos" tem que se rebolar pra chegar ao ensino médio. Qaundo chegam a faculdade, pensam que as coisas serão melhores, mas tudo que acontecia quando criança, continua, talvez de uma forma mais discreta, mas continua. Estamos formando crianças grandes e não adultos!Formar bons cidadãos está apenas no marketing das escolas. O importante são números, quantos passaram pra Medicina, Direito, Odonto. Muito triste essa realidade!
Essa semana vou dar um tempinho por aqui, tenho que terminar a mono!Também não estou nos meus melhores dias. Calma, tudo está bem!É só uma crisezinha básica... Bipolar tem dessas!Ah!amanhã vou para uma entrevista de emprego, quero muito trabalhar, mas tô pra baixo e fico sem estimulo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pra Cá

- Pra cá, Camila!
- Pra cá?
- não, mais pra cá!
- Pra cá, pra onde? Pra cá pra cima, pra baixo, direita ou esquerda?
- Dá isso aí...

Esse foi o diálogo mais instrutivo da minha vida. Hoje, finalmente coloquei a mão na massa, meu batizado.Fiz duas cirugias e auxiliei em duas.E o mais importante, não matei ninguém!Ah!o "diálogo" acima era para definir o local especifico de cada ponto.Foi um dia engraçado pra mais de metro. Além das minhas pernocas precisarem de uma ajuda, perdi grande parte da audição durante a quimioterapia. Aprendi, aos poucos,a ler os lábios das pessoas, associo ao que escuto e chego a um resultado. Normalmente, dá certo!Hoje foi complicado, todos usam mascáras pra evitar contaminação, ou seja, leitura labial ZERO. Escuto pouquinho e quando as palavras são parecidas (e muitas vezes não as são) adeus, me enrolo toda. Junte isso a insegurança, resultado paguei muito MICO!


Rasguei luva, me cortei com o bisturi, derramei iodo, peguei material não estéril com luvas estéreis, passei um tempão pra fazer sutura de pele. Depois de tudo, o Gê (cirugião) perguntou: 

- Tá tudo bem Morango (nome de batismo)?
- Marrom
- Que que ce tem?
-Além da insegurança? Não consigo entender nada do que vocês dizem! sou malacabada das "zureias" também.

O bixim querendo ajudar, passou a gritar. Vale ressaltar que tinha um som ligado (vi a luzinha ligada). O detalhe, a medida que ele gritava, falava rápido demais. E eu continuava a não entender nadica de nada. Acho que ele percebeu, né?! Como a comunicação verbal não estava funcionando, resolvemos criar "gestos fixos" para facilitar a nossa vida. E deu muito certo! A tarde foi tranquila, continuamos de máscara e o som ligado.E mais uma vez, prova-se que com boa vontade tudo se resolve! E também que convivemos muito bem se respeitarmos as diferenças de cada um. 

Beijos protéticos :***

domingo, 11 de julho de 2010

Cara nova e mais notícias!

Oi gente! Tava cansada daquele layout e do modo "mais ou menos" como as coisas seguiam. Resolvi levantar a bunda da cadeira e fazer alguma coisa. O caminho certo? Hum... esse ainda não sei, mas não posso ficar parada. Estou muito feliz, tudo está fluindo. Está é a palavra de ordem ou desordem, como desejar: FLUIR! Tenho muitas novidades, mas vou soltando aos pouquinhos. Aconteceu uma coisa engraçada essa semana, quer dizer sempre acontece. Estava de saida, quando mamãe pergunta:
 
 - O que foi isso?
 - Isso o que?
 - Sua perna!
 
Nesse momento tensão geral. Os músculos contrairam involuntariamente e me subiu um frio pela espinha. Ao olhar o local, tinha uma mega mancha roxa. Relaxei! Essas manchas são comuns nas minhas pernas, não tô dizendo normal, apenas comum. Atualmente tem umas seis delas! Atribuo cada uma delas, a perda de sensibilidade nas pernas. Não sinto absolutamente nada, nem noto a pancada, mas a prova do crime é roxinha roxinha. Outra causa dessas amigas indesejáveis pode ser o remédio que uso para dormir. Sempre levanto a noite, não me pergunte, não lembro de nada... Já cai e não dai a mínima bola. Quando fui perceber, o local estava bem machucado. Agora estou mais ligada, quando caio faço uma inspeção geral, pra ter certeza que estou inteira. Tento não bater em nada, o que é quase impossivel, um bêbado se equilibra melhor.
 
 
A prova do crime e responsável pelo post! Agora é sério pessoal! Tem que se ligar, as vezes, podemos nos machucar de verdade!

Beijos protéticos :****


sábado, 3 de julho de 2010

Você conhece seu corpo?

Essa semana aconteceu uma coisa bizarra... Estava eu conversando com a coordenadora do meu curso sobre as minhas faltas devido a distensão. Expliquei a ela como acontece, porque, o que se deve fazer e etc. Ela fez um discurso politicamente correto e fingi que acreditei. Figurinha repetida não completa album né?! Daí eu disse que essa distensão poderia acontecer novamente. Ela não deixou eu terminar a frase e foi logo dizendo: Você é muito pessimista! Só pensa nas piores hipóteses! Respirei dez vezes e disse: existe grande possibilidade. Resolvi não levar a conversa a frente. Não sei se acontece com todos, mas conheço cada ação e reação do meu corpo como um todo e , principalmente, das minhas pernas. Cada barulho, fisgada, dor quer dizer alguma coisa: Está na hora de parar, preciso de compressa morna, quero antiinflamatorio e opioides, pode usar salto, estou pronta para uma noitada, use a cadeira. Não preciso esperar o músculo "soltar", pra saber que isso vai acontencer. Não preciso esperar o "trec" do joelho pra saber que tenho que usar a cadeira. 
 
 
 E o bom de você saber os "sinais preditivos" é tomar logo uma atitude. Muitas vezes, nem acontece porque você previne. Já escapei de um montão de coisas assim. Atenção gente para os sinais que o corpo emite! Aliás GRITA! E se você não percebeu isso, fique esperto! Quanto a coordenadora, ela acha que estou fazendo drama... Owww moça, ce não sente nada antes da gripe chegar de fato? Eu sinto, mas... Deixa pra lá!

Beijos protéticos :***

Pra que serve um abrigo?

Há cerca de um mês, acompanho a estória de um cachorro muito esperto e dócil. Ele tem 3 a 4 anos e era usado em rinhas, aquelas brigas rídiculas, proporcionadas por dono acéfalos. O animal ficou doente e foi descartado. Foi recolhido por uma abrigo ,até então bem conceituado, posteriormente foi para um lar provisório. Medicaram o animal sem orientação de um veterinário e o mesmo continuou a sentir fortes dores. Como não sabiam mais o que fazer e dar, levaram a UHV. O campeão (nome dado pela protetora) estava com osteossarcoma (câncer no osso) na pata anterior esquerda.


Esse é o campeão e a radiografia que comprova a doença. Observar "falhas" no osso, também chamado de explosão óssea. Bem, o único tratamento eficaz seria a amputação e posterior quimioterapia. A princípio ,os donos temporários quiseram eutanasiar o animal pois não o queriam sem uma pata, achavam que ele não teria como se virar, além de esteticamente ser "dificil" para o dono ter um bichinho amputado. Eles tem verdadeira repulsão a animais "deficientes". Repassamos todas as informações, valores e conversamos muito com todos. Ao levar as informações ao abrigo, a responsável e fundadora berrou: Você nem traga um animal sem pata para cá! Quem vai querer? Me veio a dúvida, abrigo é pra animal abandonado, que está sofrendo, doente ou somente para animais perfeitos, que vão ser adotados? Segundo o trabalho que eles desenvolvem por lá é pra todos, inclusive existem cães "perfeitinhos" que estão há anos lá e nunca foram adotados. Graças a Deus, a protetora temporária se apegou tanto ao cachorro que resolveu adota-lo. Ele passou pela cirugia, retirou a pata e no mesmo dia já levantou. Virou-se direitinho! A moça, agora proprietária e responsável, ligou muito feliz. É como sempre dizemos, o problema nunca é o bicho, é sempre o dono!
Infelizmente, poucos dias depois foi descoberto uma metástase no cérebro. O Campeão perdeu os movimento gradativamente e hoje move somente os olhos. A proprietária continua a trata-lo, dando-o,  medicamentos, uma boa qualidade de vida, além de uma família, coisa que ele não conhecia. Não é o fim que desejávamos, mas tenho certeza que a Bárbara irá segurar sua pata até o fim.